POEMAS DE COR: PARA SIMON WIESENTHAL

Preciso não perder o calor das lágrimas,
Aproveitando o momento de rara surpresa,
Frágeis ocasiões em que creio no valor humano
E na capacidade de ressignificação e perseverança.

Preciso não perder o tempo.
Novos ódios ainda estão por vir,
Pois a humanidade continua pálida e febril.
Somos vítimas de nós mesmos.

Ainda odiamos o outro que não encaixa.
Aquele que não completa a minha pele,
Não trilha minha lógica, não dirige meu carro.
Aquele que não torce pro meu time.

São estranhos aqueles que não professam minha fé
E não vão todos os domingos à Igreja.
São nefastos aqueles que não votam em meu candidato
E não possuem o mesmo gênero que eu.

Saibam, que em nome do meu egoísmo,
Da minha ridícula e sublime arrogância,
A irreparável incapacidade de empatia,
Trouxe a morte como companheira.

Saibam que as cotas na universidade,
Oportunidade para quem dela se viu ausente,
Hoje ainda é ponto de infinitas discussões.
Estamos à margem de nós mesmos.

Saibam ainda que estou cansado.
Que preciso provar competência,
Após tantos anos de trabalho.
Sou subproduto do pensamento.

Saibam que os versos que trago agora
São versos de revolta, simplesmente.
Pois não vejo beleza alguma
Em protestar contra a violência de um semelhante.



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