Não... não... não é uma alusão à produção hollywoodiana protagonizada por Keanu Reeves... e muito menos estou me referindo à primeira versão da película com o mesmo título gravada nos EUA nos anos 50. Me lembrei deste título por causa do humor irreverente e sarcástico do eterno poeta baiano Raul Seixas e, tenho consciência, que muitos amigos não terão acesso imediato ao que está sendo escrito agora. No entanto, não poderia deixar de fazer alusão ao "dia em que a Terra parou"...
Venho aqui fazer-lhes um convite à reflexão. Nos últimos dias tenho ouvido várias pessoas relacionando-se com a ausência de comunicação em Salvador - provocada por um suposto incêndio numa "central" da operadora "Oi" - de diferenciadas formas. Umas, parecem não estarem afetadas pelo fato de mal conseguirem acessar sua caixa de mensagens, telefonar, acessar contas de banco, blogs, sites, realizar pesquisas, acompanhar as últimas notícias do jornal "on line", enfim realizar todas aquelas tarefas que a modernidade impôs serem impossíveis sem o auxílio do famoso "computador" (me incluo neste grupo). Outras, parecem ter perdido a capacidade de viver por causa da ausência do que elas chamam de " a essência da modernidade"...
Certa vez, ouvi de uma amiga que "o computador é algo essencial". O fato curioso é que o "caos" instaurado na cidade nestes últimos dias é produção nossa. Primeiro, porque a ausência da "moderna comunicação" não nos impediu de desenvolver de nossas atividades diárias. Ainda vejo pessoas nas ruas, realizando suas "funções" - só que agora desacompanhadas do celular. Os bancos continuam sendo "acessíveis"... o jornal continua a ser lido... os arquivos continuam abertos. Como é que conseguíamos realizar tais coisas antes do advento desta "modernidade computadorizada"?
Segundo, porque nós (sociedade moderna) escolhemos caminhar em direção ao inexorável caminho da "praticidade". Nos submetemos aos recursos tecnológicos (na verdade, tornamo-nos escravos...) para que possamos "praticar" o tempo ocioso com aquelas coisas que nos fariam bem. É como a ideologia nos conforta. Em termos práticos, nunca conseguimos a "ociosidade pretendida". Assim, utilizamos o tempo ocioso para nos escravizar mais... produzir mais... atrelando-nos ainda mais a este sistema de coisas. Neste caminho, esquecemos de nos fazer acompanhar de uma postura autônoma em relação àquilo que nos cerca.
Eis o resultado, "a Terra Parou" por causa do incêndio numa central de comunicação... e a nossa capacidade de viver? Ou existimos hoje em função das demandas tecnológicas da chamada "modernidade"? Estes últimos dias em Salvador vieram para nos ensinar algo... espero que possamos estar atentos ao aprendizado.
Abraços,
Silvio.
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