O Vendedor da Galeria Menescal...

Aquelas pessoas sequer enxegaram-no ali. Estava ele sozinho... Mesmo em meio a uma multidão de passos aligeirados e firmes rumo aos seus destinos solitários... ele se encontrava só. Ignorado pelos transeuntes que por ali passavam, no chão... agachado... em meio a uma pilha de potes de cera para mármore, a repetir em tom estridente uma especie de mote hipnótico que o ajudara a comercializar o produto...

Confesso que não me lembro o que ele falava...

Mas lembro da sua expressão grave e fria... Lembro-me do seu cansaço. O seu rosto foi sendo tomado por uma expressão de desespero e, finalmente ele calou. Calou como se aquilo ali não fizesse mais sentido... Calou porque desistiu. De cabeça baixa, parecia que não mais acreditava naquilo que fazia e nem tampouco no que falava... Parecia não acreditar mais...

Lembro também que eram onze horas da manhã, mais ou menos... Estava eu em Copacabana a "dar um tempo", passeando por entre aquelas pessoas que teimavam em ignorar aquele homem. Quase pisaram-no! Por pouco... muito pouco, quase o ignorei também. E ele ali sentado na calçada... cabisbaixo - numa extrema solidão compartilhada - querendo desistir da vida...


Silvio


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