UM OUTRO ARPOADOR...



... Mais uma tarde fria. O Arpoador era outro. Famoso por seus finais de tarde belos e quentes, hoje não se apresentava assim... Agora, se tornara cinza. Apenas uma leve camada de névoa empalideceu todo o cenário que se encerrava ante aos paredões da Rocinha...

No alto, além das construções irregulares da favela, podia-se ver gaivotas voando aos bandos por sobre a praia... Por vezes ouvia, no quase infinito, o brado solitário de algumas delas. Naquele mesmo instante, pude notar uma sobrevoar perto de mim, como que em saudação.

O mar trazia consigo um suave ronco de água roçando os rochedos... Era um "rosnar" hipnótico, que se repetia sistematicamente. É como se toda aquela beleza observada precisasse de melodia para se tornar completa... e assim o teve.

E as pessoas... lidavam com tudo aquilo com absoluta neutralidade. Foi realmente estranho... agiam como se aquilo fizesse parte das suas vidas... do seu quotidiano? Estavam alheias... indiferentes? Íam e vinham na Vieira Souto... correndo... andando... patinando... 

Mesmo assim, vez por outra, percebia alguém "tocado" a contemplar o horizonte cinza do Arpoador entrecortado, ao longe, por todos aqueles rochedos... Outras, prostrando-se diante do mar... sobre a grande pedra... a vivenciar os últimos momentos da tarde singular.

Sorri emocionado..
. Quase susurrando... fui saboreando as palavras que se derramavam da minha boca... 

Agradeci a Deus por estar ali...



CONVERSATION

0 comentários:

Postar um comentário

Back
to top