TEMPOS EXTREMOS

Vivo sozinho, calado em minha sala.
Observo absorto pela janela, da TV, do apartamento,
Vivo sozinho minhas paixões, na vala,
Vivo caminhões de mudanças que acontecem a todo momento.

Falo no estrado de minhas costas.
Ouço propostas vãs e vis,
Ouço a mulata mexendo os quadris,
Ao invés do horário político.

Me locupleto nas discussões
E, do outro lado, algum idealista
Cansado da agressividade, me jura de morte.
Repito um único mantra: que sorte, que sorte!

São tempos extremos estes.
Tempos de democracia autoritária,
Violências tantas, incêndios e descasos,
Tempos de facadas e deboches, acusações solitárias.

Então, revolto o medo de mim.
Como num precipício, estou a ponto de cair
Enfim, um dia, morrerei numa cela de marfim
Cercado de ouro, prata, amordaçado pelo medo.

São realmente tempos difíceis!
E disso, não guardo o menor segredo...



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