DEPOIS DO AMOR

Se chegas de mansinho,
Como quem sai, de fininho...
Abraços discretos e firmes,
Olhares que insinuam.
Palavras mentirosas docemente iludem,
Enganam.

Peças de roupas ao chão,
Mãos órfãs caçando comunhão.
Gemidos e suspiros cadenciados,
Louca dança, mágica agonia
Daquilo que nunca mais será.
Despudorada ausência, fantasia.

Corpos nus, simplesmente,
Diante da humanidade demente,
Das formas se despedem, entrelaçados,
Invadem novo rumo...visitam o vazio.
E, como se suor e lágrimas fossem um,
Rasgam-se freneticamente em busca do gozo.

Até que a morte vem...

Por frações incontáveis de tempo e luxúria,
Ausentam-se, os dois, deste mundo.
Corpos cansados, moribundos,
Experimentam retornar do vazio,
Daquele silêncio que anuncia o esporro,
Daquele momento depois do cio.

Aí...O que será após o estio?
Vai-se o réptil, volta o mamífero, o homem,
Os problemas quotidianos, a fome.
Os machos sentem-se saciados,
Vêem como cumprida a sua missão.
Mas, os apaixonados... não!

Ah! Aí começa a diversão.
Olhar a mulher amada e sorrir,
Sussurrar piadas, o céu colorir.
Abrir veredas com a mão.

Arriscar canções ridículas,
Frases sem o menor sentido,
Até o ouvir desesperado da libido.
Novamente começa o calor!

E, se não fosse tão exíguo o sentimento,
Haveria na morte maior lamento,
Daquilo que, por vivido, viu-se essência
Do que, por demência, tornou-se AMOR!







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