SONETO DO MAR

Busco razões para me inspirar
Razões não existem
Apenas o azul do velho mar
Alegria que em mim insiste
Sob a forma de reverência e solidão
Tento cunhar o que vejo
Nas linhas desta mesma canção.

Penso no Sol abrasador da pele
Suave vestimenta que nos despe
Penso na tênue força do vento
Que placidamente organiza
O choque da água, contínuo e violento
Sem contornos, espuma branca
Contra rocha negra e íngreme.

Penso nas muitas pessoas
Que antes de mim, aqui estiveram
Em meio à areia e sal
Atitude miraculosa, situo-me mal
Entre "grande surpresa" e "nenhum vagar"
Curvando-me à Divina Manifestação
Que muitos observam
Mas poucos deitam o olhar.

Mar de rouca luz
Rouco murmúrio, quase um som
Suave zumbido que hipnotiza
Arranho, suor... quase um dom
Calor! Sabes de onde vens?
Lambes minha pele, integra-me a ti
Como mulher sedutora
Envolve-me nos teus quentes braços.

Eu... apenas inquieto vagante
Deste mundo nada levo
Somente sua lembrança, velho solar!
Calo comigo lá no fundo
Levito minh'alma
Assim flutuando vou invadindo
Voltando à minha calma
Diante da brisa fagueira
De volta à casa primeira
Encontro de novo com o mar.


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