CARTA PARA UM NOVO AMOR...

Oi. Foi bom te encontrar. Dormiu bem? Quando sair de casa, por favor deixe a porta entreaberta. Preciso sentir os raios de sol desenhando e retalhando o quarto... do assoalho ao teto. Ah! Não precisa arrumar a casa, nem é necessário se desculpar pelo jeito que a deixamos ontem a noite. Sei que não planejamos o que aconteceu. Na verdade, nunca planejamos essas coisas...

Gostaria de deixar algo claro entre nós. Pois bem: nos conhecemos a algum tempo, não é verdade? Por isso, você não me deve coisa alguma... não se sinta obrigada a me dar grandes explicações, nem satisfaça a minha curiosidade sobre sua vida, certo? Não permita que eu a devore... que a minha sanha masculina aprisione sua alma. Posso, mesmo sem querer, fazê-lo e isso seria o fim para nós...

Não transforme o prazer de estarmos juntos em meras obrigações quotidianas. Não valorize apenas o telefonema do aniversário, o programa do Dia dos Namorados, a postagem no Facebook ou o cinema das sextas-feiras. Observe com mais atenção o beijo inesperado no meio da madrugada, o sorridente "bom dia" seguido do café-da-manhã na cama ou o ato de assistir (juntos) o mesmo filme pela décima vez na TV. Lembre-se que a vida a dois é verdadeiramente preenchida por estes pequenos atos. Esqueça as formalidades de casal!

Não se deixe enganar pelo que vês em mim agora. Asseguro-te que, em parte, isso é pura ilusão. Este é o nosso inevitável desejo de projetar. Não sou o que vês. Sei também que não és o que vejo agora. Iremos certamente mudar de opinião sobre o outro. Com o passar dos dias, meses, anos (quem sabe!) emergirão situações que irão nos desnudar e, finalmente, nos revelaremos um para o outro. Será que estás preparada para me encarar como uma peça que não se encaixa perfeitamente em seu sonho?

Nunca dependa de mim. Não dependerei de você. Desejo você como suplemento em minha vida... nunca como complemento. Desejo você como bela companhia numa tarde calma de domingo. Nunca como alguém que lave minhas roupas ou cozinhe para mim. Vivia antes de você aparecer e certamente viverei depois que você se for. Não resuma a nossa relação em contas a pagar, filhos para criar, bens que precisam se administrados e outras armadilhas cognitivas. Nada justifica (nem mesmo os filhos!) a infelicidade ao lado do outro.

Tenha coragem de me renegar, me contestar... me contradizer. Gosto disso! Não sou o dono da verdade e sei que sou muito persuasivo quando desejo. Você precisa manter as suas opiniões firmes diante de mim. Ao mesmo tempo não entabule uma discussão apenas pelo simples ato da contradição vil e sem predicados. Não estamos num estado de competição...

Por fim... APRENDA A VIVER SEM MIM! Continue sentindo prazer na vida de forma desatrelada e independente (com lealdade e sem mentiras!). Tentarei fazer o mesmo. Será que conseguiremos?

Curta a vida...

Com carinho,

Seu novo amor!      

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