Era mais um dia de domingo... como tantos outros, senão tivesse que passá-lo no Complexo Penitenciário. Tratava-se de mais uma rebelião daquela instituição... no jargão policial, diríamos que a cadeia tinha "virado". Estávamos lá como velhos conhecidos..
O cheiro (ou melhor, o odor...) continuava o mesmo. Algo parecia estar podre ali. Ainda hoje me pergunto - passando pelos portões de ferro ao som de sirenes difusas... cavalgando em pensamentos desconexos - se alguém pode ser reabilitado num ambiente impregnado daquele odor. A resposta... ainda não a conheço.
Homens rotos... maltrapilhos.
A Polícia de Choque no pátio... o que fazer? De um lado... o desespero... a sensação de estar percorrendo um caminho sem volta. Do outro, a necessidade de manutenção da ordem... o medo... a parcial credulidade nos organismos estatais lá representados. Dois mundos quase sempre opostos, divididos pela linha tênue da revolta...
O momento da ação... o pátio tornara-se quase imperceptível diante da refrega instalada. A nuvem branca... lacrimogênea.
Ao final, o Estado ali triunfara soberano ante os olhares tímidos (entrecortados por barras de ferro...) daqueles que outrora aparentavam ameaçar...
Para nós policiais, é a certeza do dever cumprido e a parcial resolução de um problema social crônico em nosso mundo...
Para eles, a incerteza...
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