POEMA NOSSO DE CADA DIA...

Poema não ofende.
Quando bem escrito, no máximo, adverte.
A erva daninha que brota não é capaz,
Sequer capacita nem, ao menos, subverte.

Poema não possui superpoderes.
Muito menos o poeta, avesso de super homem.
A dúvida, o medo, o sofrimento seria
O que de mais próximo se guarda na "caixa do poder".

Poema não é "talento nato".
Quisera eu não o possuí-lo nem requerê-lo.
Gostaria apenas de não escrever, pois,
Cada palavra registrada me aproxima do fim.

Poema é apenas registro salvacionista.
Bote para um afogado, abrigo para um fugitivo.
Palavras são acalento e ombro amigo,
Lanternas em noite escura.

Melancolia e desejo... este é o destino do poema.
E, quanto maior, cada parcela dos ingredientes acima,
Menor é a longevidade do poeta na vida vã de todo dia.
Tornei-me alienígena no mundo comum.

Chato. Astronauta de planeta distante...
Malinowski e os argonautas do pacífico sul.
Estou cada vez mais longe... esmaecido, apagando,
Puxado para o fundo por uma corrente e uma pedra.

E o que vejo são apenas borrões rotos e disformes
De imagens que, outrora, eram nítidas.
De repente o telefone tocou...
Retorno à superficie rotineira do meu dia.




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