Fazem dez anos. Ainda consigo perceber-lhe nas entrelinhas e adentrar na obscuridade dos seus desejos. Compreendendo pequenos gestos e formas peculiares de comunicação, ainda sei quem você é. Engraçado e estranho. Continuo espantado com suas piadas repentinas e sigo desejando rever a curiosa maneira de beber água. O calor das suas mãos ainda surpreende meu corpo e me torno absorto diante das infinitas histórias que me conta. Você permanece nítida em mim... intensa e suave como as lágrimas que passeiam sobre meu rosto agora.
Não sei onde está o amor. Não tenho direito à reclamá-lo. Talvez ele resida nos pequenos detalhes e se esconda nas veredas sutis do quotidiano. Talvez se espalhe nas miudezas dos afazeres com o outro não possuindo condições de se apresentar em toda sua inteireza. Aprendi que o amor é discreto, constituído de pequenos fragmentos de convivência que se unem estabelecendo realidades. Ele - o amor - se guarda apenas para quem é paciente e pouco pretensioso. Vai e vem tal qual as ondas de uma praia deserta e navega tranquilo por sobre um mar calmo... cristalino. Traduz-se em afinidades, conhecimentos, persistência e fé.
Não possuo direito sobre o amor. Não mais! Acho que perdi a fé e sinto que fechei uma janela para isso. O tolo desejo pelas grandes aventuras embotou minha percepção e agora me resta apenas escrever. A incapacidade de sentí-lo nascer numa relação absolutamente casual me empurrou para o registro de sensações tardias. Escrevo por que não fui capaz de vivê-lo. Teorizo diante da incompetência pessoal de saboreá-lo com as próprias mãos. Amo, inclusive, sem intimidade por que meu momento foi passado, sinto. O amor foi feito para os sábios. Os demais precisam se contentar apenas com a possibilidade de admirá-lo de longe... muito longe.
Falei demais...
Abraços,
Silvio Rosário
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