Outro dia, quando patrulhava no Rio de Janeiro, uma criança me sorriu largamente. O seu sorriso sincero... aberto me fez, por alguns instantes, esquecer o local onde me encontrava e o que fazia ali. Foram longos segundos de contemplação daquela pequena figura que definitivamente não se intimidava diante das ações de reprovação dos pais... Começo a desconfiar que aquelas criaturinhas, ali, possuem a missão espiritual de sublimar toda a aura de terror e sofrimento forjada no Alemão. É como se fossem pequenos anjos de luz a lutar contra as trevas...
As crianças aqui sempre se mostram sorridentes para nós policiais. Parecem mesmo confiar no que fazemos ali... Praticamente são as únicas a quebrar aquele pacto forçado, anteriormente descrito, de isolamento social. Os policiais também se sentem gratos com tamanha manifestação de carinho... Outro dia quase que fui obrigado a despertar um policial do transe hipnótico a que se submetera quando contemplava um menininho que saíra de uma das nossas contenções.
Minha formação e experiência profissional, por vezes, teima... reluta... cai na tentação de pensar que aquelas crianças poderão ser os futuros opositores que nos confrontarão num futuro não muito distante. Como não pensar nisto! Aquelas crianças convivem com a violência e o sofrimento todos os dias! Admiram os nossos fuzis como se estivessem cobiçando um brinquedo novo na loja da esquina... Crescem, construindo o traficante (e o tráfico) como "o" modelo de sucesso "profissional" a ser seguido e admirado... Se acostumam, quotidianamente, com a tentativa frustrante de obter respeito e dignidade...
Só para que tenham uma idéia, há poucos instantes, antes de começar a escrever, vi impressionado a maneira como uma criança (tinha uns doze anos, no máximo...) dormia desmaiada na calçada muito quente...
Diariamente vejo adolescentes (as vezes, pré-adolescentes!
Silvio
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