Escrevo para continuar vivendo... Escrevo para enxergar! Para mim, o texto é como uma fotografia... as palavras, o filme. Escrevo tal qual uma máquina analógica apreende a imagem desejada... Não me apego às inovações da modernidade que facilitam/limitam a nossa percepção do mundo. Por isso prefiro escrever...

Escrevo aquilo que vejo. As palavras saem como vômito... não as controlo. Quando menos espero... pronto! Me voltam lembranças e a incontrolável vontade de registrá-las. E essa necessidade visceral de "fotografar com palavras" o que vejo, parece não ter mais fim... vai e volta como se fizesse parte da minha fisiologia...

As imagens permanecem em minha cabeça. Para registrá-las, fecho os olhos e procuro "fotografar" aquilo que mais me marcou... Cheiros, texturas, sensações, cores e palavras, fundamentam o meu registro...

Procuro escrever com lealdade a mim mesmo... O importante, é perseguir a tentativa de ser verdadeiro naquilo que se escreve. Procuro está sempre nu... sempre a mostra... sempre exposto àquilo que mais possa me apavorar. "Cortar na própria carne", talvez seja a forma mais leal e verdadeira de perseguir os meus próprios erros...

O ato de escrever pode "mascarar" aquele que escreve. Por vezes, já me escondi atrás de textos bem formulados, é verdade, mas... não me encontrava neles. E isso sempre me incomodou. Escrever passou a ser, para mim, um exercício de me colocar naquilo que escrevo... me colocar na vida...

As inúmeras reticências me mostram que isso está apenas começando...

Talvez, me esvaziar... me despir mesmo, seja o que eu persiga quando escrevo...